HISTÓRIA DA IGREJA NEGRA E MISTERIOSA DA ÁGUA VERMELHA

NOTA: A pedido de Rayssa Matayoshi falarei hoje da Igreja Negra e Misteriosa da Água Vermelha. http://www.facebook.com/pages/Igreja-Negra-e-Misteriosa-da-Água-Vermelha/328431217178923

A história desta Igreja se confunde com a história de seu fundador, João de Camargo (Sarapuí, 05 de julho de 1858 — Sorocaba, 28 de setembro de 1942) foi um religioso brasileiro, também considerado santo popular, milagreiro e preto-velho.

Viveu em Sorocaba, no Estado de São Paulo, onde criou a Igreja Negra do Bom Jesus do Bonfim das Águas Vermelhas.

Nascido escravo, herdou o sobrenome de seu antigo dono. Após a Lei Áurea, foi liberto e mudou-se para Sorocaba, onde foi cozinheiro, militar, trabalhador de lavoura e de olarias.

Saiu da cidade por duas vezes, onde, numa dessas vezes, conheceu Rosário do Espírito Santo, que veio a ser sua esposa. Porém, ambos viveram juntos por apenas cinco anos, logo se separando.

Desde jovem recebeu muitas influências religiosas, das religiões africanas, através de sua mãe, e do Cristianismo, através de sua sinhazinha Ana Teresa de Camargo e do padre João Soares do Amaral.

Através dessas diversas influências, sua fé tornou-se uma espécie de sincretismo entre várias religiões.

Nhô João, como mais tarde viria a ser chamado, segundo seus devotos, já praticava curas desde 1897. Porém, durante a vida, teve muitos problemas com o alcoolismo, que o impediriam de assumir plenamente sua missão. Em 1906, teria tido uma visão que o curou do vício na bebida, fazendo-o dedicar-se completamente ao projeto de criar a sua igreja, no distante bairro das Águas Vermelhas.

Processado por curandeirismo em 1913, Nhô João decidiu, para proteger a nova religião, registrá-la oficialmente como Associação Espírita e Beneficente Capela do Senhor do Bonfim, reconhecida como pessoa jurídica em fevereiro de 1921.

Também foi o fundador, em 1915, do Grupo Musical São Luís, que animava cordões carnavalescos de Sorocaba.

Sobre sua vida, foram escritas inúmeras biografias por famosos escritores brasileiros. Em 2003, foi homenageado no enredo da escola de samba paulistana Império de Casa Verde. O desfile contou com a participação do ator Paulo Betti, que é devoto de Nhô João e produziu o filme Cafundó, sobre sua vida.

E no cinema temos o filme, Cafundó.

O filme retrata a trajetória real da vida de João de Camargo Sorocaba, fundador da Igreja Negra e Misteriosa da Água Vermelha, em homenagem ao Senhor do Bonfim. João é um ex-escravo ingênuo que tenta viver a liberdade em meio ao forte preconceito racial do sec. XIX e sente-se atormentado com as “muitas vozes na cabeça”.

Com a morte da mãe e a traição da esposa, João se entrega ao fundo do poço, vivendo sob efeito do álcool e no desprezo dos lamaçais. Em visões que misturam símbolos religiosos católicos e africanos, ele entende como um chamado para iniciar sua missão: ajudar o próximo. Com ajuda de amigos constrói a Igreja da Água Vermelha e, acreditando ter o poder da cura, passa atender as pessoas sob orientação de figuras religiosas de seu legado negro e santos católicos.